Sistema TEMPOCAMPO divulga boletim de outubro

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Mapa 1 e Mapa 2 (Sistema TEMPOCAMPO)
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O mês de outubro foi marcado pela volta das chuvas na maior parte da região agrícola do país. Os maiores volumes foram registrados na região Norte e nos estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, superando 180 mm. No Centro-Sul, registrou-se bons volumes de chuvas, variando de 61 a 180 mm. Com exceção de São Paulo, Mato Grosso do Sul e do norte do Paraná, onde as chuvas não passaram de 90 mm (Mapa 1).

Apesar da variabilidade das chuvas, o armazenamento hídrico dos solos subiu de modo generalizado em praticamente todas as regiões agrícolas do país. Os maiores valores foram observados no Rio Grande do Sul e Santa Catarina, onde a umidade do solo variou de 45 a 75%. No Centro-Sul, o teor de água no solo ficou entre 15 e 60%, com exceção do Sul Goiano, onde a umidade ainda está na faixa dos 10% (Mapa 2).

As temperaturas máximas oscilaram entre 22 e 31°C no Rio Grande do Sul, Santa Catarina e sul do Paraná. Já no Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e Tocantins ficaram entre 33 a 35°C. Nesses estados as mínimas ficaram acima de 23°C (Mapa 3 e 4).

TEMPO E AGRICULTURA BRASILEIRA

O baixo volume acumulado de chuvas na maior parte da região Centro-Sul em outubro favoreceu a colheita e o transporte da cana-de-açúcar. Diferente da safra passada, quando as chuvas do início da primavera dificultaram as atividades nos canaviais de praticamente todo o Centro-Sul. Além disso, o tempo seco elevou a qualidade da matéria prima, que havia sido penalizada nos últimos meses devido ao florescimento dos canaviais de algumas regiões que foram atingidas por geadas no decorrer da safra.

A ocorrência das chuvas no final de outubro no Paraná e em São Paulo permitiu a retomada da semeadura do feijão de primeira safra. Para as áreas que já haviam sido semeadas e sofreram com o tempo seco em outubro, a expectativa é que haja perdas leves a moderadas na produtividade das lavouras.

O bom volume de chuvas no Oeste do Paraná possibilitou a retomada das atividades de plantio e colheita de mandioca. Grande parte dos produtores, porém, priorizaram as atividades relacionadas ao plantio para compensar o atraso em decorrência da seca.

O tempo quente e seco no estado de São Paulo em outubro afetou os pomares de laranja, com redução da qualidade dos frutos que estão sendo colhidos. Tais condições também trazem preocupação pois a alta temperatura associada ao tempo seco pode provocar abortamento de flores e frutos jovens, com efeito sobre a próxima safra. Nas áreas sem irrigação, mesmo com o retorno das chuvas no final de outubro, ainda não foi revertido o quadro de estresse e mantem-se a preocupação sobre o pegamento das flores e formação dos chumbinhos.

As chuvas que ocorreram no final setembro favoreceram a abertura de flores da safra 2020/21 de café arábica em quase toda a região produtora. As chuvas de outubro, além de favorecer novas floradas, foram importantes para o pegamento das flores nas regiões de Mogiana, Zona da Mata, no Cerrado e Sul Mineiro. No Noroeste do Paraná, em contrapartida, o volume de chuvas desse mês foi insuficiente para o início da floração. Para o café robusta, as chuvas registradas na última semana de outubro no Espírito Santo e Rondônia, devem favorecer os cafezais e auxiliar no pegamento das flores, mesmo com a ocorrência de ventos fortes que ocasionaram perdas de flores em algumas regiões do Espírito Santo.

 O alto volume de chuvas no Rio Grande do Sul em outubro dificultou a semeadura da cultura de arroz em algumas regiões do estado. Produtores relataram a ocorrência de alagamento em diversas áreas que, junto ao vento forte, impediu o avanço das atividades e causou danos. A qualidade do trigo que ainda não foi colhido no Estado também pode ser prejudicada pelas chuvas, revertendo o quadro de condições favoráveis para o produto até outubro, quando o tempo seco permitiu boas condições de operação no campo e alta qualidade do grão.

SAFRA 2019/20 DE SOJA NO PARANÁ

As projeções geradas pelo Sistema TEMPOCAMPO para safra 2019/20 de soja apontam que as condições meteorológicas para a safra atual são mais favoráveis que as da safra anterior para o Paraná. O Coeficiente de Produtividade Climática (CPC-TEMPOCAMPO) indica ganhos médios variando de 7 a 8%, segundo o cenário pessimista e otimista, respectivamente. Destaca-se o norte e nordeste do estado, onde os ganhos podem superar 8%. Em contrapartida, na região de Clevelândia as condições são menos favoráveis, sendo esperadas perdas de até 7%, considerando o cenário intermediário (Mapa 5).

A produtividade média para o Paraná deverá variar de 3,15 a 3,27 kg ha-1, considerando os cenários pessimista e otimista, respectivamente. As maiores produtividades devem ocorrer nas regiões norte e nordeste, podendo superar 3,6 kg ha-1. Já as menores produtividades são esperadas no sul do estado, variando de 2,8 a 3,2 kg ha-1, considerando o cenário intermediário (Mapa 6).


Mapa 6

O baixo volume de chuvas de setembro, além de atrasar a semeadura da soja no estado acarretaram danos a diversas áreas devido ao déficit hídrico. O maior volume e regularidade das chuvas no mês de outubro favoreceram o desenvolvimento das lavouras já semeadas e acelerou as atividades de implantação da cultura, trazendo maior alívio aos produtores do estado. O Sistema TEMPOCAMPO prevê a produção estadual para a safra 2019/20 de soja variando de 17,32 a 17,95 milhões de toneladas, segundo os cenários pessimistas e otimista, respectivamente.

Sistema TEMPOCAMPO – O sistema TEMPOCAMPO-ESALQ é produto de diversos projetos de pesquisa na área de modelagem agrícola e agrometeorologia da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (Esalq) da Universidade de São Paulo (USP), que tem agora sua primeira versão operacional disponibilizada na forma de uma ferramenta de apoio à decisão para o setor privado e instituições públicas. Uma robusta infraestrutura computacional, alicerçada de amplos e consistentes bancos de dados climáticos para todos os estados brasileiros e avançados modelos calibrados para as condições específicas de cada ambiente de produção permitem antever com boa acurácia o efeito do clima sobre o desempenho das culturas ao longo da safra, buscando contribuir para reduzir a incerteza do mercado, subsidiar a indústria e nortear as ações de manejo dos produtores. A equipe do sistema trabalha atualmente para implementação de novas funcionalidades e aprimoramento de algoritmos para o monitoramento, geração e projeções de cenários futuros para a culturas do milho.

Informações: https://tempocampo.org/ .

Mapa 3 e Mapa 4 (Sistema TEMPOCAMPO)
Mapa 5 (Sistema TEMPOCAMPO)