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A vida do homem na Terra depende de alguns
processos biológicos chaves chamados de serviços
do ecossistema (KEVAN; VIANA, 2003). Esses ser-
viços incluem as condições e os processos pelos
quais os ecossistemas naturais e as espécies neles
inseridas sustentam e completam a vida humana
(DAILY, 1997). Eles mantêm a diversidade, a abun-
dância e a atividade dos organismos, assim como a
produção de bens do ecossistema, que podem ter
como exemplos: alimentos, fármacos, produtos in-
dustriais e seus precursores. Esses processos ain-
da envolvem a degradação de poluentes e a subs-
tituição e reciclagem dos nutrientes. Os serviços do
ecossistema são gerados por complexos ciclos natu-
rais que constituem a biosfera, guiados pela energia
solar (DAILY, 1997).
A sociedade tem percebido que os serviços
ecossistêmicos são limitados e que estão cada vez
mais ameaçados pelo próprio homem. A ação hu-
mana na biosfera alterou muito o funcionamento dos
ecossistemas, diminuindo, frequentemente, sua ca-
pacidade de fornecer serviços essenciais para nos-
sa sobrevivência (IMPERATRIZ-FONSECA, 2004).
A expansão e intensificação da produção de cul-
turas agrícolas estão entre as principais mudanças
globais do século. A intensificação da agricultura,
o uso de fertilizantes, a irrigação e os pesticidas
têm contribuído substancialmente para o aumento
da produção de alimentos nos últimos 50 anos (TIL-
MAN et al., 2002). Contudo, muitas dessas contri-
buições e práticas são prejudiciais à saúde huma-
na, ao ambiente e à manutenção da biodiversidade
(MOONEY, 2005).
Na década de 1960, quando tiveram início as
grandes transformações tecnológicas na agricultura
1
i
ntrodução
mundial, com o surgimento da Revolução Verde, a
área total mundial de terras era de 13.055,5 bilhões
de hectares. A agricultura utilizava 34,5% da área
global, sendo 70% destinada a pastagens perma-
nentes, 28% empregada com cultivos anuais e o
restante da área (2%) com culturas permanentes. As
florestas naturais e plantadas ocupavam 33,5% das
terras e o restante (32%) era destinado aos demais
usos (SCOLARI, 2006).
Hoje, mesmo com o ajuste na estimativa da
área mundial para 13.066,70 bilhões de hectares,
houve aumento percentual de 10,9% na área utiliza-
da pela agricultura, um acréscimo de 493 milhões
de hectares, passando a utilizar 38,3% da área total
existente no mundo (SCOLARI, 2006). Ocorreu redu-
ção de 2,37% nas áreas de florestas, que perderam
104,06 milhões de hectares, e de 9,06% na área sob
outros usos, ou seja, diminuição de 377,99 milhões
de hectares (WOOD; STEDMAN-EDWARDS; MANG,
2000). Tudo isso fez com que houvesse grande mu-
dança na paisagem, provocando uma diminuição
significativa nas áreas de vegetação natural (WILCOCK;
NEILAND, 2002).
No Brasil, a agricultura é um dos setores econô-
micos mais estratégicos para a consolidação do seu
programa de estabilização econômica que começou
em 1994. Esse setor tem grande participação e forte
efeito multiplicador no PIB, com isso o peso dos pro-
dutos agrícolas (básicos, semielaborados e industria-
lizados) na pauta de exportações e na contribuição
para o controle da inflação é alto e serve de exemplo
da importância da agricultura para o desempenho da
economia brasileira (NAVARRO, 2001). Atualmente,
o agronegócio representa 33% de todo o rendimento
gerado pela economia brasileira, uma soma equiva-
1...,5,6,7,8,9,10,11,12,13,14 16,17,18,19,20,21,22,23,24,25,...88
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