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i
mportÂnciA
dA
poLiniZAção
e
dAs
AbeLhAs
A polinização é um dos processos-chave ofe-
recidos pela biogeocenose. É por meio dela que se
estabelece a produtividade das plantas e dos ani-
mais em quase todos os ecossistemas terrestres
(NABHAN; BUCHMANN, 1996). É um processo que
envolve a transferência do grão de pólen da antera
para o estigma, no caso das angiospermas (BRIGS,
1997), ou diretamente para o óvulo, no caso das gi-
mnospermas, sendo considerada essencial para a
reprodução sexuada das plantas e, na sua ausência,
a manutenção da variabilidade genética entre os ve-
getais não ocorre.
O surgimento da flor, a partir do Cretáceo, per-
mitiu a criação de um sistema mutualista que envolve
a planta e seu agente polinizador (KEARNS; INOUYE,
1997). O sucesso reprodutivo de quase metade das
angiospermas no mundo, em sistemas naturais e
agrícolas, depende mais da polinização do que de
outros fatores como a fertilidade do solo ou as condi-
ções climáticas. Por isso, é considerado um serviço
vital (NABHAN; BUCHMANN, 1996) e, em casos ex-
tremos, seu declínio pode levar à extinção de plan-
tas e animais, provocando mudanças na paisagem e
nas funções do ecossistema (KEVAN; VIANA, 2003).
O processo de polinização pode ocorrer em
uma mesma flor (autopolinização) ou entre flores
diferentes da mesma planta (geitonogamia) ou de
plantas diferentes (xenogamia). Para que o pólen
seja transferido para flores diferentes, é necessário
um agente que promova esse movimento, o chama-
do agente polinizador. Existem diferentes tipos de
agentes polinizadores: a água (hidrofilia), o vento
(anemofilia) e, principalmente, os animais (zoofilia).
Das 250.000 espécies de angiospermas mo-
dernas estimadas, aproximadamente 90% são poli-
nizadas por animais, principalmente insetos (COS-
TANZA et al., 1997, KEARNS; INOUYE; WASER et al.,
1997), consequência da relação baseada na troca
de recompensas entre as angiospermas e os visi-
tantes florais (RAMALHO, IMPERATRIZ-FONSECA;
KLEINERT-GIOVANNINI, 1991). Mais de 1.200 espé-
cies de vertebrados (NABHAN; BUCHMANN, 1996)
e cerca de 100.000 espécies de invertebrados polini-
zadores, especialmente os insetos (ROUBIK, 1989),
estão envolvidas nesse processo.
Na maioria dos ecossistemas mundiais, as
abelhas são os principais polinizadores (BIESMEI-
JER; SLAA, 2004). Estima-se que 40% dos poliniza-
dores existentes sejam abelhas, perfazendo um total
de 40.000 espécies diferentes. Estudos sobre a ação
das abelhas no meio ambiente evidenciam a extraor-
dinária contribuição desses insetos na preservação
da vida vegetal e também na manutenção da variabi-
lidade genética (NOGUEIRA-COUTO, 1994).
A importância do grupo decorre da relação
estreita que mantém com as plantas. São visitantes
florais obrigatórios porque dependem desses re-
cursos durante todo o seu ciclo de vida. As larvas
são alimentadas com mistura de pólen e néctar, e
os adultos buscam ativamente o alimento nas flores
(RAMALHO; IMPERATRIZ-FONSECA; KLEINERT-
GIOVANNINI, 1991; WESTERKAMP, 1996).
As plantas, geralmente, produzem recursos
(pólen, néctar, óleos, resinas) que atraem potenciais
polinizadores, que forrageiam em busca desses re-
cursos energéticos, principalmente néctar e pólen
(SIMPSON; NEFF, 1983; WESTERKAMP, 1996). Na
busca por seu alimento, as abelhas ajustam suas
atividades às mudanças e aos desafios ambientais
(BIESMEIJER; SLAA, 2004). O forrageamento das
abelhas está relacionado diretamente aos custos
e aos benefícios desses ajustes (ROUBIK, 1989).