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Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
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tos nas pesquisas sobre o assunto nos últimos anos,
é provável que as causas da DCC não possam ser
atribuídas a uma única condição. Isso levou os pes-
quisadores a examinarem a hipótese de que prova-
velmente exista a interação de diferentes fatores, tra-
balhando em sinergia para causar a síndrome. Por
isso, atualmente, o foco das pesquisas se resume a
três possibilidades:
• pesticidas que possam ter efeito inesperado
nas abelhas melíferas;
• um novo parasita ou patógeno estaria atacan-
do as abelhas;
• a combinação de fatores estressantes que
possam comprometer o sistema imunológico
das abelhas, deixando-as vulneráveis a doen-
ças, que levariam ao colapso.
De acordo com dados da literatura (CHAUZAT
et al., 2006), há de fato o uso indiscriminado de pesti-
cidas na agricultura. O consumo anual de agrotóxicos
no Brasil é superior a 300 mil toneladas de produtos
formulados, que, expressos em ingredientes ativos,
representam mais de 130 mil toneladas de consumo
anual desses componentes químicos. Nos últimos 40
anos, o consumo de agrotóxicos aumentou 700%,
enquanto a área agrícola aumentou apenas 78%
(SPADOTTO et al., 2004). As abelhas, embora não
sejam o alvo desses agentes tóxicos, são altamente
vulneráveis à contaminação por forragear nas áreas
agrícolas contaminadas.
Além dos efeitos de toxicidade aguda que le-
vam à morte das abelhas, os inseticidas podem tam-
bém provocar alterações comportamentais nos indiví-
duos, que, ao longo do tempo, acarretarão sérios pre-
juízos na manutenção da colônia (MALASPINA et al.,
2008). Segundo Medrzychi et al. (2003), em algumas
circunstâncias, o efeito de inseticidas nas abelhas não
pode ser imediatamente notado, sendo necessárias
avaliações empregando doses subletais, para que
seja possível observar sua influência na sobrevivên-
cia, na fisiologia e no comportamento.
Existem pesticidas que, mesmo sendo usa-
dos sob condições de baixos níveis de aplicação ou
concentração, resultam em efeitos letais ou subletais
comportamentais quando em campo porque os estí-
mulos ambientais, como a atratividade das flores, in-
fluenciam as escolhas feitas pelos polinizadores, de
tal modo a sobrepujar os efeitos nocivos dos agrotó-
xicos (THOMPSON, 2003).
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