O solo nosso de cada dia

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Área de cultivo experimental da ESALQ (crédito: Gerhard Waller)
Editoria: 

A FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura) acertadamente denominou o ano de 2015, como Ano Internacional do Solo. No Brasil, a Lei n° 7.876, de 13 de novembro de 1989, institui o Dia Nacional da Conservação do Solo a ser comemorado, em todo o País, no dia 15 de abril de cada ano.

Um pouco estranho dedicarmos tão pouco tempo e cuidados aos nossos solos que provem nosso sustento, garante o nosso pão de cada dia e onde fincamos nossos lares.

Nas grandes cidades mal o vemos, revestimos tudo com construções, calçadas e asfalto e reclamamos das enchentes quando às bem-aventuradas águas das chuvas não tem onde se infiltrar e com sua força produzem grandes estragos.

Norman Borlaug, Nobel da Paz, o pai da Revolução Verde, em uma de suas visitas ao Brasil em 2006, ao ser perguntado sobre como via o futuro da produção agrícola no Brasil respondeu que não se tem como competir em produção agrícola com um país com a extensão territorial do Brasil que tem água e sol todos os dias, condições estas indispensáveis para o processo fotossintético e produção de alimentos.

Em levantamento recente, realizado e divulgado pela Agroconsult, pela primeira vez a safra brasileira de grãos superará a marca de 200 milhões de toneladas, e o plantel de gado já supera 200 milhões de cabeças, o que levou André Pessoa, coordenador do Rally da Safra, a fazer a seguinte afirmação: O Brasil é um dos poucos países do mundo que produz uma tonelada de grãos por habitante e tem também uma cabeça de gado por habitante. Parece pouco, mas em um país em que a população rural é de apenas 15%, e apenas o PIB do agronegócio tem sido positivo nos últimos anos, é uma demonstração de muita tecnologia, trabalho e eficiência.

Hoje, a sustentabilidade da produção agrícola e a adequação ambiental são indissociáveis, grandes avanços estão ocorrendo na agropecuária brasileira e para continuarmos crescendo e nos firmarmos nas posições de liderança da produção o Brasil precisa também posicionar-se na liderança da implantação de ações de sustentabilidade, grandes avanços tivemos com a adoção de tecnologia na utilização dos solos sob condições de cerrados, o que possibilitou uma grande expansão da área agrícola e substancial aumento da produção, com reconhecimento internacional pois no ano de 2006, Alisson Paulinelli, Edson Lobato e A. Collin MacClung (americano que foi pesquisador do IBEC-RESEARCH em Matão, São Paulo),  foram contemplados com o   Prêmio Mundial da Alimentação (World Food Prize), pelas ações pioneiras em ciência do solo e politicas de implementação  na abertura de áreas de cerrados no Brasil para agricultura e produção de alimentos o prêmio foi criado em 1986 pelo laureado com o Nobel da Paz, Norman Ernest Borlaug, .

Outro fator de grande importância na sustentabilidade da produção agrícola brasileira foi a adoção e implantação do sistema do plantio direto no Brasil, tecnologia que revolucionou a agricultura brasileira e que começou no Paraná  e teve como protagonistas Herbert Bartz, Manoel Henrique Pereira e Franke Dijkstra, hoje 30 milhões de há no Brasil são cultivados no sistema do plantio direto, com continuo crescimento e consolidado graças ao grande desenvolvimento de pesquisas na área.

Destacamos que, no Estado de São Paulo, a Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” e o Instituto Agronômico são instituições pioneiras nos estudos de conservação do solo e manejo de bacias hidrográficas, a ESALQ, desde 1901 tem atuação marcante na formação de profissionais qualificados e comprometidos com a sustentabilidade, contribuindo portanto de forma significativa para o desenvolvimento sustentável do agronegócio brasileiro.

 Não podemos nos esquecer jamais de que nossa sustentabilidade depende do sol, da água e do solo. Cuidando adequadamente de nossos recursos naturais poderemos continuar dizendo que: O solo nosso de cada dia é a nossa pátria e que cultivá-lo e conservá-lo garantem a sustentabilidade e nossa vida: até que ele nos acolha.

Por Antonio Roque Dechen, Professor Titular do Departamento de Ciência do Solo da ESALQ/USP, Presidente da Fundação Agrisus,​ Presidente do Conselho Científico para Agricultura Sustentável (CCAS) e Membro do Conselho do Agronegócio (COSAG-FIESP). 

 

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