Clipping semanal - - page 63

A presença de drogas em festas universitárias é um dos problemas envolvidos nas denúncias de
trotes no ambiente acadêmico. Calouros da Unicamp narraram terem sido obrigados a ingerir
bebidas 'batizadas' com algum tipo de droga, provavelmente anfetaminas. Segundo as
investigações do MP-SP, os casos de estupro na FMUSP também possuem relação com o uso de
bebidas batizadas por parte das calouras, que acabam sendo vítimas de veteranos. Na Esalq, o
caso da jovem estuprada por oito rapazes em uma república também envolve uma forte suspeita
de que ela tenha sido dopada pelos seus algozes.
Ainda na Unicamp, há uma tradição em eventos como a Intermed e Calomed de veteranos
realizarem a 'cusparada de cerveja', quando os calouros são alvo dos veteranos e ficam
encharcados. Nesses eventos, segundo alunos, aqueles veteranos utilizando kilts (saias
tradicionais escocesas) são os mais violentos.
Uma cartilha da Bateria da Faculdade de Medicina da USP de Ribeirão Preto, a Batesão,
apresentou ao mundo uma série de músicas reprováveis. Uma delas possui um teor racista e
machista, que possui trechos como "preta imunda", a "morena gostosa" e a "loirinha bunduda",
além de chamar mulheres negras de "crioulas fedorentas". O caso causou muita revolta, mas
apenas expôs o racismo sofrido por negros e outras etnias dentro do ambiente universitário. Na
USP, há relatos de alunos negros terem sido impedidos de entrar no campus em situações
específicas.
Na festa 'Carecas do Bosque', em 2014, homossexuais foram agredidos e impedidos de entrar na
festa, promovida pela Associação Atlética da FMUSP. O caso teve enorme repercussão e muito
pouco retorno por parte dos organizadores. Segundo as vítimas, a discriminação de gays e
lésbicas no ambiente universitário é frequente e constante, sejam em músicas pejorativas ou em
eventos como o Show Medicina, que costuma apresentar um espetáculo caricato e misógino, por
vezes com interpretações que remetem a alunos que são 'desafetos' dos veteranos.
É rara a faculdade que não possua uma associação atlética. E dela nascem grupos musicais, os
quais em sua maioria produzem canções de cunho ofensivo, misógino, homofóbico e que prega o
ódio contra universidades consideradas 'adversárias'. É comum que essas músicas discriminem
minorias, como negros, e relembrem casos de estupro que acontecem dentro da própria instituição
dos criadores desses hinos.
Trotes costumam durar até o dia 13 de maio em universidades brasileiras. A data corresponde à
declaração da Lei Áurea, que pôs fim à escravidão no Brasil, em 1888. Na PUC de Sorocaba, no
interior paulista, a data é conhecida como 'Dia de Liberação dos Bixos'. Antes dele, porém, os
calouros sofrem. As meninas são obrigadas a vestir camiseta do tamanho GG, usar apenas calça
jeans e são proibidas de andar com o cabelo solto. As mulheres ainda não podem usar maquiagem
e nem bijuterias. Já os meninos, além da camiseta, são obrigados a manter o cabelo raspado. Os
alunos que não participam dos trotes são impedidos de entrar no Centro Acadêmico e proibidos de
usar bancos e elevadores da faculdade.
Ainda na PUC Sorocaba, alunos relataram ameaças desumanas contra calouros, as quais não se
sabem comprovadamente se foram levadas a cabo. A primeira delas diz respeito a ameaças
físicas, com direito a veteranos ameaçando 'urinar' sobre uma caloura que queria entrar em uma
festa sem o 'kit calouro' - trote vivido por um aluno na Faculdade de Medicina de São José do Rio
Preto. A mesma também testemunhou ter visto um calouro ser obrigado a entrar em uma sala com
um veterano, que levava consigo um prato cheio de fezes. Há ainda relatos da obrigação de
ingestão de vômitos por parte dos calouros.
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Veja a relação completa de medidas aprovadas no relatório parcial:
1) PROMOVER A EXTINÇÃO, por iniciativa judicial do Ministério Público, a exemplo do que fez e do que
faz com as denominadas torcidas organizadas, dos Centros Acadêmicos e Associações Atléticas: das
Faculdades de Medicina da Universidade de São Paulo (Pinheiros/Capital e Ribeirão Preto); das
Pontifícias Universidades Católicas de São Paulo e de Campinas; da Faculdade de Agronomia da Escola
Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz", sediada em Piracicaba/SP; da Faculdades de Medicina da
Universidade de Campinas; da Faculdades de Medicina de São José do Rio Preto/SP;
1...,53,54,55,56,57,58,59,60,61,62 64,65,66,67,68,69
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