USP ESALQ – A
SSESSORIA DE
C
OMUNICAÇÃO
Veículos: Folha de São Paulo Online
Data: 27/02/2015
Caderno/Link:
fim-da-greve-dos-caminhoneiros-sao-inviaveis-diz-setor.shtml
Assunto: Propostas para o fim da greve dos caminhoneiros são inviáveis, diz setor
Propostas para o fim da greve dos caminhoneiros são inviáveis, diz
setor
A maior parte das medidas oferecidas pelo governo para os caminhoneiros desbloquearem as estradas é
difícil de ser implementada, dizem especialistas e integrantes do setor consultados pela Folha.
O principal entrave está na criação de uma tabela referencial de fretes, que levaria a preços mínimos pelo
serviço. Hoje, esse valor muda de acordo com a oferta e a demanda pelo transporte.
"O mercado de frete rodoviário é muito próximo à concorrência perfeita. Será muito difícil estipular um
valor mínimo", diz Thiago Péra, coordenador do grupo de pesquisa e extensão em logística agroindustrial
da Esalq-USP.
Uma experiência recente em Mato Grosso exemplifica a dificuldade no tabelamento. No início deste ano, a
ATC (Associação de Transportes de Cargas de Mato Grosso) criou um balizador referencial de fretes, com
valores mínimos para as principais rotas.
Não deu certo. Empresas transportadoras que já tinham contrato com as tradings realizaram o transporte
pelos preços já acordados anteriormente, e outros transportadores, ociosos, acabaram reduzindo os seus
valores abaixo da tabela.
Segundo Péra, dificuldades em fiscalizar o cumprimento da tabela também torna inviável o tabelamento.
"O contratante também tem de estar de acordo com isso", lembra. E não é o caso.
As tradings, responsáveis pelo transporte de grãos, foram totalmente contrárias ao tabelamento em Mato
Grosso, assim como os produtores, que são os mais prejudicados com essa prática.
"Quanto maior é o frete, menor é a rentabilidade do produtor", diz Edeon Vaz Ferreira, do Movimento Pró-
logística da Aprosoja. Ao fazer o pagamento aos agricultores, as tradings descontam o valor do frete. Por
isso, em momentos de queda no preço das commodities, fica mais difícil a negociação.
Editoria de Arte/Folhapress
SONO
A isenção da cobrança de pedágio por eixo suspenso, prevista no projeto de lei que propõe mudanças na
lei do caminhoneiro, também é de difícil implementação.
A ABCR (Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias) diz que os caminhões não poderão mais
usar o pagamento eletrônico nos pedágios, exigindo paradas constantes nas cabines para verificação dos
eixos.
Segundo a entidade, isso acarretará em aumento do tempo de viagem dos motoristas e demais usuários.
Além disso, a ampliação da jornada dos motoristas aumenta o risco de acidentes, segundo Marco Túlio
Mello, especialista em sono e professor da Universidade Federal de Minas Gerais.