A responsabilidade fica por conta das empresas

Versão para impressãoEnviar por email
Entre as 11 empresas avaliadas no estudo, dez não desenvolvem ações de conservação para suavizarem os impactos ambientais (Foto: Gerhard Waller)
Editoria: 

Com o desenvolvimento econômico de forma insustentável, e a ocupação da natureza pelo homem, os sistemas ecológicos sofrem muitos efeitos negativos. Essa conjuntura afeta diretamente as alterações climáticas e a perda da biodiversidade, tornando constante a maior probabilidade de desastres ambientais. Pensando nesse conflito, o biólogo e mestrando do Programa de Pós-Graduação em Recursos Florestais da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (USP/ESALQ), Ricardo Reale, dedicou-se a investigar os empreendimentos listados no Índice de Sustentabilidade Empresarial da bolsa de valores de São Paulo (BM&FBovespa), por meio de relatórios socioambientais, com o objetivo de avaliar a relação das empresas com os biomas e suas respectivas regiões hidrográficas.

O pesquisador, orientado pela professora Teresa Cristina Magro, do Departamento de Ciências Florestais da ESALQ, analisou se os empreendimentos reconhecidos como os detentores das melhores práticas sustentáveis da BM&FBovespa contribuem para a conservação, recuperação e manutenção dos ecossistemas e serviços ambientais. “Esperava-se encontrar o relato de atividades conservacionistas na maioria dos empreendimentos, uma vez que a biodiversidade possui valor intangível e indissociável dos benefícios providos pelos sistemas ecológicos”, relatou Ricardo.

No entanto, entre as 11 empresas avaliadas no estudo, dez não desenvolvem ações de conservação para suavizarem os impactos ambientais ocasionados por suas atividades. De acordo com o pesquisador, há sete empresas que dependem dos serviços ecossistêmicos, ou seja, que obtêm diretamente os benefícios da natureza, a fim de sustentar a matéria que produzem. No entanto, apenas uma empresa trabalha na recuperação das áreas afetadas. “As empresas podem e devem usufruir conscientemente dos recursos naturais, sendo imprescindível que a exploração seja realizada em velocidade menor ou igual à velocidade de reposição dos estoques ecossistêmicos consumidos", disse Ricardo.

Para a coleta e verificação dos dados foi utilizada a metodologia da certificação LIFE (Lasting Initiative For Earth), Instituto Brasileiro, que qualifica e quantifica os impactos ambientais relacionados à biodiversidade, ocasionados pelos processos produtivos de empreendimentos de qualquer porte ou setor. “Por meio da metodologia da certificação LIFE foi possível observar quais são as ações de conservação que deveriam ser desenvolvidas para reduzir os impactos ambientais nos ecossistemas”. Ricardo ainda afirma que “as empresas que praticam ações de preservação possuem, de fato, sistemas de gestão empresarial focados no bem estar social, econômico e ambiental, tanto da empresa quanto da sociedade”.

A manutenção, preservação e restauração dos biomas são fundamentais para repor os estoques ecológicos consumidos pelas empresas em seus processos produtivos. Por isso, com o estudo, Ricardo propõe uma solução. “A metodologia da certificação LIFE pode ser considerada um instrumento adicional de gestão ambiental para auxiliar empresas a minimizarem seus impactos no ambiente, que em decorrência da implantação de ações de conservação da biodiversidade, poderão fortalecer seus posicionamentos de sustentabilidade frente à BM&FBovespa, beneficiando assim, a sociedade como um todo, além de aprimorarem seus sistemas de gestão, possibilitando, inclusive, vantagens econômicas”, ressaltou Ricardo.

Texto: Caio Nogueira e Ana Carolina Brunelli

Revisão: Caio Albuquerque (22/08/2016)