Sistema TEMPOCAMPO divulga boletim de janeiro

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Sistema TEMPOCAMPO
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O Sistema TEMPOCAMPO, da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP), registrou no mês de janeiro de 2023, volumes de chuva superiores a 240 mm foram registrados nos estados do Amazonas, Acre e Tocantins. Volumes um pouco menores, mas ainda superiores a 210 mm foram registrados em Roraima, Amapá e no norte e no sul do Pará. Os menores volumes de chuva da Região Norte foram registrados em Rondônia e no centro e no leste do Pará. Goiás recebeu um total de chuvas superior a 240 mm na maior parte de seu território. As regiões oeste, médio-norte e sudeste do Mato Grosso, e as regiões centro, oeste e sul do Mato Grosso do Sul, também receberam mais de 240 mm de chuva no mês de janeiro. No restante da Região Centro-Oeste, as chuvas variaram entre 210 e 240 mm. As chuvas foram também abundantes na Região Sudeste, totalizando mais de 240 mm na maior parte de seus territórios. Na Região Nordeste, com exceção do Maranhão e da Bahia, que receberam volumes satisfatórios de chuvas, predominaram acumulados de no máximo 90 mm. Volumes aquém do esperado, variando de 60 a 90 mm, foram registrados em quase todo o Rio Grande do Sul, com exceção do nordeste do Estado, que recebeu cerca de 120 mm. Em Santa Catarina, o total de chuvas variou de 90 a 150 mm. Os maiores volumes de chuva da Região Sul foram registrados no norte do Paraná, cerca de 210 mm, no restante do Estado, as chuvas variaram de 120 a 180 mm.

Os menores valores de armazenamento de água no solo, inferiores a 30%, foram registrados em grande parte da Região Nordeste, mais especificamente nos estados de Sergipe, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco e Alagoas. Nos estados da Bahia e do Piauí, o armazenamento ficou entre 45 e 75%. Condições críticas de baixa umidade do solo foram observadas em todo o Rio Grande do Sul e no oeste de Santa Catarina. No restante da Região Sul, o armazenamento de água no solo variou de 45 a 60%. Nas regiões Norte, Centro-Oeste e Sudeste, que receberam mais de 240 mm de chuva ao longo de janeiro, o armazenamento de água no solo manteve-se entre 60 e 90%.

Na Região Norte, no norte do Mato Grosso e em Mato Grosso do Sul, as temperaturas máximas ficaram entre 29 e 31°C. Nas demais regiões do Mato Grosso e em Goiás, as máximas mantiveram-se entre 27 e 29°C. Na Região Nordeste, máximas de 31 a 33°C foram registradas nos estados do Piauí, Ceará, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Paraíba, e em algumas áreas dos dois últimos, as máximas superaram 33ºC. No restante da Região Nordeste, prevaleceram máximas de 29 a 31°C. Na Região Sudeste, as máximas ficaram entre 25 e 27°C. O Estado mais quente da Região Sul foi o Rio Grande do Sul, onde as máximas ficaram entre 29 e 31ºC e superaram 33°C em algumas áreas isoladas. No Paraná e em Santa Catarina, as máximas mantiveram-se entre 27 e 29°C.

menores temperaturas do país, abaixo de 17°C, foram registradas no oeste de Santa Catarina. Nas regiões Sudeste e Sul, as mínimas variaram de 17 a 21°C. Na maior parte da Região Centro-Oeste, as mínimas mantiveram-se entre 19 e 21°C, com exceção do noroeste do Mato Grosso e do Mato Grosso do Sul, onde as mínimas foram de 19 a 23°C. Nas regiões Norte e Nordeste, as mínimas ficaram entre 21 e 23ºC, com exceção da Bahia, onde prevaleceram mínimas de 19 a 21ºC.

Tempo e agricultura brasileira

A semeadura da safra 2022/23 de milho está em reta final e a colheita avança, sobretudo na Região Sul. De acordo com o Departamento de Economia Rural do Paraná (DERAL), 5% das lavouras de milho paranaenses encontram-se em desenvolvimento vegetativo, 12% em floração, 52% em frutificação e 31% em maturação. A maior parte das lavouras do Paraná apresenta bom desenvolvimento e sanidade, 80% das lavouras do Estado desenvolvem-se sob boas condições, 17% sob condições intermediárias e apenas 3% sob condições ruins. No Rio Grande do Sul, a irregularidade das chuvas tem ocasionado atraso nas operações de semeadura, perda de eficiência dos tratos culturais e afetado o potencial produtivo das lavouras de milho. As operações de colheita avançam nas áreas afetadas pela falta de chuvas e perdas de produtividade têm se confirmado. Foram constatados prejuízos superiores a 50% na maior parte das lavouras das regiões de Bagé, Frederico Westphalen e Santa Maria, perdas de 35 a 40% nas regiões de Erechim, Ijuí, Pelotas e Santa Rosa, e perdas de até 90% em algumas áreas da região de Pelotas. Cerca de 97% das áreas projetadas foram semeadas e 35% colhidas até o momento. Cerca de 14% das lavouras que já foram implantadas encontram-se em estádio vegetativo, 12% em floração, 19% já atingiram a fase de enchimento de grãos e 20% encontram-se em maturação. Em Santa Catarina, volumes insuficientes e mal distribuídos de chuva prejudicaram as lavouras do oeste do Estado. O aumento das ocorrências de cigarrinha também preocupa os produtores catarinenses e pode ocasionar perdas de produtividade. Em São Paulo, apesar das baixas temperaturas e da alta nebulosidade terem desacelerado o ritmo de desenvolvimento das plantas, as lavouras encontram-se em boas condições. Em Minas Gerais, a maior parte das lavouras desenvolve-se sob boas condições climáticas e aproxima-se do fim da fase de enchimento de grãos. Nos estados de Goiás, Bahia e Piauí, o clima também tem favorecido o desenvolvimento das lavouras, que se encontram, predominantemente, em boas condições.

A semeadura da soja foi concluída em todo o território nacional e as operações de colheita já estão em andamento em Mato Grosso. Segundo o IMEA, cerca de 13,61% das lavouras de soja mato-grossenses já foram colhidas, com destaque para as regiões oeste, norte e meio-norte do Estado. A maior parte das lavouras encontra-se em boas condições e boas produtividades têm sido obtidas. Apesar do avanço registrado durante o mês de janeiro, a colheita em Mato Grosso encontra-se 18 pontos percentuais atrasada em relação à safra anterior devido às baixas temperaturas que alongaram o ciclo, além das frequentes chuvas no início da colheita. Alta umidade tem favorecido o aumento do número de casos de ferrugem asiática no Estado, principalmente na região Sudeste, com destaque para o município de Campo Verde, onde 6 ocorrências foram registradas, de acordo com os dados do Consórcio Antiferrugem. De acordo com a última edição do Boletim Semanal Casa Rural, publicado pela Aprosoja/MS, juntamente com o Governo do Estado de MS e a Famasul, cerca de 93% das lavouras sul-mato-grossenses estão em boas condições e 7% encontram-se em condições regulares. As chuvas têm favorecido a maior parte das lavouras do Estado. As regiões com a maior quantidade de lavouras em condição regular são a região sul e a região sul-fronteira, acometidas por veranicos entre novembro e janeiro. Mato Grosso do Sul também se destaca pelo aumento do número de casos de ferrugem, com 25 ocorrências da doença de dezembro até o momento. Em Goiás, as chuvas abundantes e bem distribuídas beneficiaram o desenvolvimento das lavouras durante o mês de janeiro. Em Tocantins, Piauí e Bahia, as lavouras de soja estão em boas condições, e as operações de colheita já foram iniciadas em áreas irrigadas. A irregularidade das chuvas dificultou o avanço da semeadura em Maranhão. Segundo o DERAL, 81% das lavouras de soja paranaenses estão em boas condições, 15% em situação média e 4% ruins. As regiões de Toledo e Cascavel, no oeste do Estado, e de Pato Branco, no Sudoeste, foram as mais afetadas pela escassez de chuvas. No momento, 5% das lavouras do Paraná encontram-se em desenvolvimento vegetativo, 13% em floração, 66% em frutificação e 16% em maturação. É importante destacar que o Paraná é o Estado com o maior número de casos de ferrugem asiática, com 56 ocorrências registradas até o momento. No Rio Grande do Sul, o tempo seco e as elevadas temperaturas prejudicaram as lavouras de soja em desenvolvimento e contribuíram para o atraso da semeadura no Estado. Mesmo com condições climáticas menos piores do que na safra passada, as perdas de produtividade são inevitáveis. Cerca de 220 cidades gaúchas decretaram emergência por conta da seca. As maiores perdas de potencial produtivo são projetadas para as regiões central, oeste e campanha-fronteira. De acordo com a EMATER - RS, 48% das lavouras do Rio Grande do Sul encontram-se nas fases de germinação e de desenvolvimento vegetativo, 35% em floração e 17% em enchimento de grãos.

A primeira safra de feijão também avança. A semeadura já foi concluída em todo o território nacional e as operações de colheita se intensificam, principalmente nas regiões Sudeste e Sul. No Paraná, 66% das lavouras já foram colhidas, a produtividade obtida é menor do que a projetada, mas a qualidade dos grãos é muito boa. De acordo com o DERAL, 63% das lavouras de feijão paranaenses estão em boas condições, 36% em situação média e 1% ruins, 11% encontram-se em floração, 28% em frutificação e 61% já alcançaram a fase de maturação. É importante destacar que a segunda safra de feijão já foi iniciada no Paraná, com 13% das áreas projetadas já semeadas. Muitos produtores decidiram cultivar feijão ao invés de milho na segunda safra por conta da maior janela de semeadura com menor risco climático, mas a oferta restrita de sementes de feijão em algumas regiões pode ser um problema para os produtores. No geral, as lavouras de segunda safra paranaenses estão em boas condições e encontram-se na fase de germinação ou em desenvolvimento vegetativo. As áreas do Estado onde a semeadura da segunda safra encontra-se mais adiantada são Cornélio Procópio, Irati e União da Vitória. No Rio Grande do Sul, a semeadura do feijão cores foi concluída e as lavouras têm sido favorecidas pelas chuvas recentes. A colheita do feijão preto avança no território gaúcho, e aproxima-se do fim. No geral, cerca de 55% das lavouras de feijão do Estado já foram colhidas. As condições climáticas foram desfavoráveis para a maioria das regiões produtoras de feijão do Rio Grande do Sul, com destaque para Bagé, Santa Maria e Pelotas, onde as perdas ocasionadas pelo déficit hídrico variam entre 30 e 45%. Em Santa Catarina, apesar dos ataques pontuais de lagartas e de registros de antracnose, as lavouras seguem em boas condições. Cerca de 30% das lavouras de feijão do Estado já foram colhidas. Em Minas Gerais, foram registradas perdas pontuais de rendimento ocasionadas por mofo branco e pelo excesso de chuvas perto da colheita. Em Goiás, as chuvas recentes também têm dificultado o avanço da colheita e ocasionado perda de qualidade dos grãos. A colheita já foi concluída em 34 e 43% das áreas cultivadas em Minas Gerais e em Goiás, respectivamente.

Por conta da falta de chuvas, o nível de água dos reservatórios tem diminuído drasticamente no Rio Grande do Sul, e muitos produtores de arroz passaram a irrigar as lavouras de forma intermitente, sobretudo as que estão em fase reprodutiva, como alternativa ao abandono dessas áreas. As altas temperaturas e a baixa umidade relativa do ar também preocupam os produtores de arroz do Estado, uma vez que a combinação desses fatores pode levar à esterilização das espiguetas. Segundo a EMATER, cerca de 52% das lavouras de arroz do Rio Grande do Sul encontram-se nas fases de germinação e de desenvolvimento vegetativo, 36% em floração e 12% em enchimento de grãos. Em Santa Catarina, a maior parte das lavouras tem sido favorecida pelo clima e está em boas condições, a colheita já se iniciou no norte do Estado. A semeadura do arroz de terras altas avançou, e já foi concluída em 92, 100, 93 e 100% das áreas projetadas nos estados do Maranhão, Mato Grosso, Goiás e Tocantins. No Maranhão, o ritmo das operações de campo é prejudicado pela falta de chuvas, e em Goiás, o excesso de chuvas é que impede maior velocidade na semeadura.

A primeira safra de algodão está em progresso, mas atrasada em relação à anterior. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estima que a semeadura já tenha sido concluída em 64,4% da área total destinada ao cultivo de algodão, frente a 78,8% no mesmo período da safra passada. Como o restante das áreas será semeado durante o mês de fevereiro, fora da janela ideal, os riscos aumentam. A semeadura já foi concluída nos estados de Mato Grosso do Sul e Piauí. Cerca de 98, 86 e 85% das lavouras já foram implantadas nos estados de Minas Gerais, Bahia e Goiás, respectivamente. No Maranhão, a semeadura já foi concluída em 73% das áreas projetadas. A semeadura em Mato Grosso está atrasada em relação aos demais estados por conta do excesso de chuvas, tendo sido concluída em 56% das áreas projetadas até o momento. No geral, as lavouras brasileiras de algodão desenvolvem-se sob condições climáticas favoráveis.

13/02/2023

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