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Introdução
eles terão que encontrar um modo de financiar os proje-
tos já que normalmente eles utilizam um grande capital.
Outras razões para o fracasso das abordagens de alta
tecnologia, quando aplicadas sem planejamento em paí-
ses em transição, podem ser:
• Valor calorífico dos resíduos superestimados;
• Simples falta de receita para sustentar sistemas sofis-
ticados;
• Falta de mercados para a venda de produtos;
• Indisponibilidade ou custo extremo de peças de repo-
sição;
• Falta de expertise para manutenção sofisticada
[4,10]
• Antes de escolher qualquer tecnologia, pergunte
pelo histórico de vários anos em vários lugares com con-
dições similares à sua área.
• Algumas vezes soluções de capital intensivo têm uma
fonte acessória de renda, o que torna a taxa de cobrança
menor, por exemplo, energia, vapor, MDL.
O Box 5 apresenta vários exemplos que mostram os pro-
blemas causados pela importação de tecnologias avança-
das nos países em desenvolvimento sem um planejamen-
to anterior apropriado, enquanto que o Box 6 mostra um
caso no qual as autoridades não implementaram o que o
Plano de GIRS esboçado estava propondo, levando-os a
um grande fracasso.
Além do fato de se evitar os fracassos acima descritos
um Plano de GIRS for bem esboçado, os benefícios que
podem surgir do mesmo podem ser vários, tais como:
• Custos menores da gestão global de resíduos;
• Menos poluição ambiental (do solo, água e ar);
• Conservação de matérias primas;
• Conservação de recursos, uma vez que o planejamen-
to apropriado não permite investimentos inapropriados;
• Melhor coordenação entre serviços urbanos;
• Cidadãos mais ativos que contribuem para o desenvol-
vimento urbano;
• Pessoas mais satisfeitas com o serviço oferecido e,
portanto, menos inclinadas a atividades subversivas;
• Construir uma melhor imagem de uma cidade/região;
• Menos riscos à saúde;
• Melhor gestão de custos e maior recuperação dos
mesmos.
• Departamentos de gestão de resíduos commelhor de-
sempenho.
Box 5:
Falhas da GIRS em países em desenvolvimento
causadas pela importação de tecnologias avançadas sem
planejamento
[4]
Box 6:
Tecnologias de reaproveitamento energético (RE)
com planejamento – o exemplo da Índia
• Em 1984, a Empresa Municipal de Délhi, Índia, cons-
truiu um incinerador para processar 300t por dia de resí-
duos sólidos e produzir 3MW de energia, com assistência
O desenvolvimento de um Plano Diretor de resíduos não
garante o sucesso da implementação de tecnologias RE,
uma vez que seu sucesso depende fortemente de vários
outros parâmetros. Entretanto, um Plano Diretor de Resí-
duos pode constituir uma base sólida para a aplicação bem
sucedida de tecnologias RE. O exemplo típico deste fato
é a Índia. A Índia é um país que cresce rapidamente e em
desenvolvimento, que em 2000 promulgou as Regras Mu-
nicipais de Resíduos Sólidos (Gestão e Manuseio) exigindo
que os municípios na Índia adotassem meios sustentáveis
e ambientalmente corretos de processar os RSU, incluindo
a incineração. A RE é percebida como um meio de dispor
RSU, produzir energia, recuperar materiais e liberar terra
escassa que de outro modo teria sido usada para o aterro.
O Governo indiano considera a RE como uma tecnologia re-
novável e o Ministério da Energia Nova e Renovável (MNRE)
desenvolveu o Plano Diretor Nacional para o Desenvolvi-
mento da RE na Índia:
Os estudos de caso a seguir apresentam aplicações de
sucesso e problemáticas (apesar da existência de planeja-
mento apropriado) de tecnologias de RE na Índia:
Projetos para resíduos sólidos urbanos (RSU) em Luck-
now:
O projeto foi executado pela M/S Asia Bio-energy Pvt.
Ltd (ABIL), Chennai, na base de Construir, Possuir, Operar e
Manter em associação com a Lucknow Nagar Nigam (LNN)
que é responsável pelo fornecimento da qualidade e quan-
tidade de RSU na usina. A Usina baseada em tecnologia de
Biometanização começou sua operação comercial em agos-
to de 2003, mas pode alcançou a capacidade máxima de
geração de 1,5 MW apenas em março de 2004. A usina en-
frentou problemas em sua operação principalmente devido
técnica da Dinamarca, a um custo de aproximadamente
US$3,5 milhões. A usina foi projetada para ter insumo com
a segregação de resíduos, que não foi realizada pelas resi-
dências nem promovida pelo município. A usina teve que
ser fechada em uma semana da sua abertura uma vez que
os resíduos tinham um valor calorífico muito baixo e uma
alta porcentagem de materiais inertes.
• Em 2003, a Empresa Municipal de Lucknow construiu
uma usina de digestão anaeróbica, como um projeto de re-
síduo-para-energia de 5MW, para processar de 500 a 600t
de resíduos urbanos por dia a um custo de US$18 milhões.
Empresas privadas da Áustria e de Cingapura forneceram
os insumos técnicos, enquanto que empresas indianas for-
neceram os recursos humanos para a execução com base
em construir-possuir-operar (CPO). A usina não foi capaz de
operar por um dia sequer em sua capacidade total devido
ao alto nível de materiais inertes nos resíduos e foi fechada.
As dificuldades operacionais e a falha final foram principal-
mente devido à diferença entre os pressupostos do projeto
que foram baseados nos resíduos europeus e nas práticas
de gestão de resíduos, e o real cenário de campo na Índia.