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Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
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Outras características são determinantes na
eficiência da polinização, como:
• quantidade e disponibilidade de pólen carre-
gado pela abelha;
• qualidade do pólen transferido;
• número de visitas e fase de atividade diária
das abelhas;
• competição entre as espécies visitadas pelas
abelhas;
• disponibilidade de abelhas;
• tipo de visitante (generalista ou especialista
).
Constata-se, assim, que para ambientes natu-
rais e manejados quanto maior a diversidade floral
em uma região maior deve ser a diversidade de poli-
nizadores (RICHARDS, 2001).
Mesmo quando o uso de determinada espé-
cie já foi bem-sucedido em uma região, é muito im-
portante a preservação dos polinizadores silvestres,
pois os custos do seu emprego em outras locali-
dades podem ser altos (IMPERATRIZ-FONSECA,
2004).
A gestão dos organismos que contribuem para
os serviços dos ecossistemas requer a consideração
não só do nível local onde os serviços são prestados
mas também de sua distribuição regional, onde os
intervalos de forrageamento e os movimentos de dis-
persão desses agentes sejam estimados (KREMEN
et al., 2007). Se uma espécie-chave de planta perde
seu polinizador, toda a estrutura da comunidade so-
fre mudanças dramáticas (KEARNS; INOUYE, 1997).
A introdução de polinizadores exóticos com técnicas
definidas de criação não deve ser prioridade e o es-
tudo dos possíveis impactos ecológicos é obrigató-
rio no processo de importação destes (IMPERATRIZ-
FONSECA, 2004).
Segundo Westerkamp e Gottsberger (2002), o
uso de ninhos da espécie
Apis mellifera
gera diversos
custos, maiores ou menores, de acordo com as par-
ticularidades da região, podendo servir de estímulo
para a utilização e posterior criação de espécies de
abelhas nativas. Entre essas despesas destacam-se:
• os cuidados com as colônias ao longo do ano;
• o uso de remédios para o controle de pragas,
como o ácaro
varroa;
• os preparos com a alimentação artificial das
colmeias, em culturas cujas flores fornecem
um único tipo de recurso;
• contratação de mão de obra para a realiza-
ção da polinização manual complementar, que
pode ser necessária, caso o número de polini-
zadores seja insuficiente.
Os polinizadores naturais encontrados livres
na natureza não geram custos para sua criação, des-
de que encontrem condições ambientais favoráveis,
seu habitat seja preservado, o uso de pesticidas seja
moderado e o manejo, durante a aplicação, corre-
to. Além disso, não é razoável imaginar que apenas
uma espécie que tenha tamanho e comportamen-
to uniforme, como a
A. mellifera
, possa lidar com a
extrema diversidade de formas florais existentes no
mundo selvagem (WESTERKAMP, 1991), uma vez
que a maioria das plantas necessita de vasto número
de polinizadores para sua reprodução, assim como
a maioria dos polinizadores visitam grande número
de flores, fazendo com que estejam conectados em
complexa rede de interações.
3.3 As abelhas e a qualidade do meio
ambiente
A destruição dos habitats dos polinizadores
silvestres, a falta de informações a respeito da iden-
tidade das abelhas nativas que podem ser usadas
como polinizadores, seu criatório e manejo racional
e, especialmente, os efeitos dos pesticidas sobre as
colônias constituem os principais obstáculos para os
esforços atuais em busca do uso sustentável de po-
linizadores na agricultura brasileira (FREITAS, 2010).
Estudos sobre a toxicidade de agentes químicos
para meliponíneos são ainda relativamente escas-
sos, já que tais espécies não ocorrem em países de
clima temperado, que são os principais realizadores
desse tipo de estudo (MORAES; BAUTISTA; VIANA,
2000).
A perda de polinizadores de uma comunida-
de biótica pode não ser facilmente reversível. Não se
sabe a escala de tempo, ou a magnitude da recolo-
nização natural, como remediar a perda de poliniza-
dores nativos ou mesmo se isso é possível (ALLEN-
WARDELL et al., 1998).
A aplicação de pesticidas reduz ainda mais a
presença de polinizadores em áreas cultivadas, pois
os inseticidas utilizados para matar as pestes fazem
o mesmo com os insetos polinizadores; os herbicidas
e o cultivo limpo reduzem a um número mínimo as
flores silvestres nas quais os insetos se alimentam
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