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Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
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Os fungicidas e os herbicidas, apesar de terem
o mecanismo de ação voltado para o controle de fun-
gos e plantas, podem causar irritação ou comprometer
a memória de curto prazo por causa da ação de al-
guns de seus ingredientes ativos. Podemos citar como
exemplo os herbicidas Metribuzin, o Paraquat e o Tri-
fluralin, e os fungicidas Thiram, Captan e Triadimenol
(FREITAS; PINHEIRO, 2010).
Para auxiliar na conscientização e na tomada
de decisões das políticas ambientais e sociais, va-
lores econômicos foram estimados para os serviços
ecossistêmicos. Segundo Costanza et al. (1997), os
serviços prestados pelo ecossistema equivalem, em
média, a 33 trilhões de dólares por ano, sendo a poli-
nização responsável por 112 bilhões destes. Balmford
(2002), em uma análise de 300 estudos de caso, esti-
mou que o custo-benefício de um programa global de
conservação efetiva é de 1:100, baseado nos serviços
do ecossistema, e que o valor econômico de uma flo-
resta é 14% maior quando manejada de forma susten-
tável. Estimativas independentes mostram que o valor
anual para a polinização de culturas agrícolas é de 20
a 40 bilhões só nos Estados Unidos. Para a agricultura
global, esse valor gira em torno de 200 bilhões de dó-
lares (KEARNS; INOUYE; WASER et al., 1998).
As abelhas, principalmente as encontradas em
ambientes com certo grau de conservação, sociais ou
solitárias, podem ser utilizadas como excelente ferra-
menta de monitoramento ambiental. Durante o voo,
esses insetos registram valiosas informações sobre
o meio ambiente em que circulam. Numerosas par-
tículas de produtos químicos e substâncias tóxicas
suspensas no ar ficam aderidas aos pelos superficiais
do seu corpo ou armazenadas no néctar e pólen co-
letados (WOLFF; DOS REIS; SANTOS, 2008). Por isso,
quando certas espécies sensíveis a essas substân-
cias são encontradas em um local pode ser o indício
de que a área está bem conservada.
A grande riqueza de espécies de abelhas en-
contrada em cada localidade reflete a diversidade
com que as várias espécies exploram o ambiente.
Para que possam se reproduzir, as abelhas necessi-
tam que seus habitats preencham os seguintes pré-
requisitos (WESTRICH, 1996):
• sítios ou substratos apropriados para nidifica-
ção;
• para certas espécies, materiais específicos
para construção de ninhos;
• quantidade suficiente de fontes de alimento
(plantas floríferas) específicas.
Essas três condições devem ocorrer concomi-
tantemente dentro da área de voo das abelhas. O grau
de exigência de cada espécie com relação a esses três
itens, entretanto, não é idêntico. Assim, algumas espé-
cies de abelhas nidificam em galerias escavadas no
solo, outras em orifícios escavados em madeira morta,
outras em ocos de árvore etc. Algumas espécies são
generalistas quanto às fontes de alimento que explo-
ram, outras dependem inteiramente de algumas espé-
cies de plantas específicas. Tais fatores fazem com que
diferentes espécies, ou grupos de espécies, em uma
mesma localidade se prestem como indicadoras de di-
ferentes impactos sobre o ambiente.
Além disso, as abelhas melíferas podem ofe-
recer o mel como outra importante ferramenta para
o monitoramento do ambiente em que se encontra.
O néctar, depois de desidratado e transformado em
mel, também registrará todas as informações passí-
veis de serem analisadas em laboratório.
Com base nas diversas referências disponíveis
na literatura, é apresentada nas Tabelas 3, 4, 5 e 6 a
listagem de espécies de abelhas cuja presença em
determinada região sugere que encontra-se em boas
condições de conservação. Tais espécies são con-
sideradas sensíveis a mudanças nas condições am-
bientais e algumas se encontram presentes em listas
de animais ameaçados de extinção. Observe que,
para a Região Centro-Oeste, não foram encontrados
dados substanciais, pois os estudos ainda são inci-
pientes
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