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Guia para o Reconhecimento e Manejo da Mosca-branca, da Geminivirose e da Crinivirose na Cultura do Tomateiro
por moscas-brancas do grupo
B. tabaci
, o crinivírus
ToCV pode ser transmitido também por moscas-
brancas pertencentes às espécies
Trialeurodes
vaporariorum
e
T. abutilonea
(esta espécie ainda
não foi encontrada no Brasil).
Quando a infecção por geminivírus ou crinivírus
ocorre em plantas novas (plantas com idade
entre 0 e 14 dias do transplantio), o tomateiro
não se desenvolve bem e a produção de frutos é
reduzida drasticamente. Em infecções um pouco
mais tardias, até um mês após o transplantio, os
sintomas são nítidos, mas os prejuízos são menores.
A doença é mais frequente no período seco e
quente do ano, no entanto, surtos epidêmicos têm
sido observados durante todo o ano. Assim, é muito
importante que o manejo da virose via controle do
vetor seja feito de forma preventiva, desde o início
do cultivo.
As moscas-brancas no Brasil
As moscas-brancas são insetos sugadores muito
pequenos, que pertencem à ordem Hemiptera e
família Aleyrodidae. O ciclo de vida desses insetos
é formado por: ovo, ninfa [quatro ínstares (fases),
sendo somente o primeiro móvel] e adulto. Na fase
adulta o inseto possui dorso de coloração amarelo-
palha, quatro asas membranosas recobertas com
pulverulência branca (Figura 3). Os ovos apresentam
coloração amarelada, com formato de pêra e são
depositados isoladamente na face inferior da folha
e presos por um pedicelo. As ninfas (forma jovem)
são translúcidas, de coloração amarelo a amarelo-
pálido. Ovos, ninfas e adultos localizam-se na face
inferior das folhas; ovos e adultos são encontrados
principalmente nas folhas e brotações mais
novas, enquanto ninfas ocorrem nas folhas mais
desenvolvidas. A duração do período ovo-adulto é
de aproximadamente 20 a 25 dias.
Devido à grande diversidade genética e a
similaridade morfológica entre insetos considerados
como
B. tabaci
, a classificação da espécie é
complexa, confundindo taxonomistas e técnicos de
todos os níveis. A maioria dos pesquisadores tem
considerado
B. tabaci
como um grupo de diversos
biótipos, enquanto outros têm proposto ser um
complexo de 24 ou mais espécies. Neste último
caso, o biótipo B de
B. tabaci
seria considerado
como a espécie chamada MEAM-1, o biótipo A
sendo dividido em NW-1 e NW-2, enquanto o
biótipo Q pertenceria ao complexo conhecido como
MED. Entretanto, como ainda não há consenso
para uma nova nomenclatura da mosca-branca
B.
tabaci
, a classificação em biótipos será usada nesta
publicação.
Acredita-se que o biótipo A ocorria no Brasil e era
possivelmente o único biótipo encontrado até o
início da década de 90. O aumento na incidência
da geminivirose e crinivirose em tomateiro no Brasil
provavelmente foi desencadeado pela introdução do
biótipo B da mosca-branca
B. tabaci
na década de
1990. Mais recentemente, foi observada a presença
do biótipo Q desse mesmo inseto no sul do País.
Surtos populacionais de
B. tabaci
em escala
regional estão se tornando freqüentes no Brasil,
em razão, principalmente, da franca expansão de
áreas de cultivo de soja, feijoeiro, algodoeiro e
hortaliças em diversos biomas que são favoráveis
Figura 2.
Tomateiro com sintomas de crinivirose.
A - folhas do baixeiro com clorose entre nervuras
e enrolamento foliar; B – folhas medianas com
enrolamento e clorose entre as nervuras.
A
B
Fotos: Alice K. Inoue-Nagata