Guia para o Reconhecimento e Manejo - page 4

4 Guia para o Reconhecimento e Manejo da Mosca-branca, da Geminivirose e da Crinivirose na Cultura do Tomateiro
ao desenvolvimento desses insetos. Devido à
dificuldade no seu controle, perdas cada vez
maiores na produção agrícola são registradas
anualmente, inclusive em culturas cuja praga, uma
década atrás, era considerada de baixa importância
econômica. Já a espécie de mosca-branca
T.
vaporariorum
tem ocorrido com maior frequência
nas regiões Sul e Sudeste brasileiras, infestando
preferencialmente cultivos protegidos, muito embora
surtos populacionais já venham sendo registrados
em algumas culturas em campo aberto.
Figura 3.
Adulto de mosca-branca,
Bemisia tabaci
.
As moscas-brancas podem se deslocar por longas
distâncias carregadas por correntes de vento. Em
geral, realizam voos altos durante a colonização
de novas áreas e voos baixos entre plantas dentro
do mesmo sistema agrícola, podendo se deslocar
entre áreas em “nuvens” provenientes de cultivos
vizinhos.
Os danos ocasionados pela infestação de moscas-
brancas podem ser divididos em danos diretos
e indiretos. Os danos diretos são visualizados
na presença de altas populações do inseto nas
plantas, resultando no enfraquecimento das plantas
e no aparecimento de anormalidades nos frutos e
consequente perda na produção. A isoporização da
polpa e a desuniformidade na maturação (Figura 4)
são decorrentes da ação de toxinas injetadas
pelas moscas-brancas durante sua alimentação
na planta. Os danos indiretos são causados pela
transmissão de vírus (geminivírus e crinivírus)
e pela excreção de substâncias açucaradas, o
“honeydew”. Estas substâncias, quando presentes
em excesso, permitem o desenvolvimento da
fumagina (Figura 5). O crescimento deste fungo nas
folhas prejudica em muito a produção de tomate.
No entanto, o principal dano causado pelas moscas-
brancas à cultura do tomateiro é a transmissão de
vírus.
A disseminação dos geminivírus ou a sua
introdução em lavoura de tomateiro dá-se,
exclusivamente, pela ação de
B. tabaci
a partir
de plantas infectadas. Essas plantas, que são
fonte de vírus, podem estar situadas em área
próxima ou distante, em plantios novos, velhos
ou abandonados; em tomateiro, em plantas
daninhas, em plantas silvestres ou em plantas de
outras culturas. A transmissão dos geminivírus
só é realizada pela mosca-branca porque existe
uma alta afinidade entre o vírus e o inseto.
A transmissão ocorre de modo circulativo e
persistente, conforme explicado a seguir. A
mosca-branca passa a ser transmissora somente
ao se alimentar em planta infectada e após um
período em que o vírus precisa circular no corpo
do inseto. Esse tempo é chamado de período
de latência. Durante este período (8-16 horas),
o vírus entra pelo estilete, passa pelo canal
alimentar e intestino médio, sendo translocado
para a hemolinfa do inseto e será acumulado em
suas glândulas salivares. Assim, as partículas de
vírus precisam circular no corpo do inseto antes de
ser transmitido, recebendo o nome de transmissão
circulativa. As partículas de vírus são injetadas na
planta junto com a saliva, durante a alimentação.
Os insetos tornam-se transmissores por um longo
período de tempo, provavelmente até a sua morte,
caracterizando uma transmissão persistente. O
vírus não é transmitido pela picada de prova,
somente no período de alimentação. Pode-se
admitir, resumidamente, que o inseto poderá
adquirir o geminivírus em pelo menos 15 minutos
alimentando-se em planta doente e, após 16
horas, este poderá transmiti-lo quando mantiver
contato com a planta sadia por pelo menos 30
minutos. A eficiência de transmissão deverá ser
crescente à medida que se aumenta cada um
desses períodos. Uma única mosca-branca adulta
transmissora (virulífera) poderá infectar várias
plantas ao longo de sua vida, que pode durar
cerca de 25 dias.
No caso da transmissão de crinivírus, o adulto de
mosca-branca pode se tornar um inseto transmissor
Foto: Alice K. Inoue-Nagata
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