Clipping semanal - - page 26

O que a pesquisa deixa claro é que atualmente não existe nenhum tipo de mecanismo de
interação entre as ações das Unidades de Conservação e dos Comitês de Bacias Hidrográficas, afirma.
Segundo seu ponto de vista a população deve estar realmente envolvida nas discussões, por isso há
também a necessidade de elaborar estratégias que ampliem a participação e a mobilização social e que
trabalhem o diálogo de saberes. A pesquisa revela que existe potencial para que a governança e o diálogo
aconteçam, tendo em vista a existência de fóruns de debate e de instrumentos que buscam garantir a
participação de diversos atores sociais nas discussões de temáticas relacionadas ao Sistema. Mas isso
não acontece. Assim, se não forem realizadas mudanças na forma como os recursos hídricos são geridos,
teremos apenas medidas paliativas que terão resultados por um curto período de tempo, além de novos
episódios de escassez, talvez ainda piores e que afetarão a economia, a qualidade de vida e o meio
ambiente.
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A preservação e a conservação das áreas de mananciais estão entre as ações que costumam
ser realizadas na busca por melhorias. Mas muito pouco resultado se vê. É só olhar o entorno de nossos
reservatórios para vermos que ali a ocupação é totalmente desordenada, gerando danos enormes ao meio
ambiente e à água a ser fornecida à população. Nascentes preservadas garantem quantidade e qualidade
dágua e sua conservação é fundamental para a manutenção dos recursos hídricos, declara Micheli. Mas
se não houver tratamento de esgoto nos municípios, esses recursos estarão expostos à contaminação, o
que prejudica o abastecimento. E um programa de conscientização para os usuários (população,
indústrias e produtores rurais) que estimule a conservação e o uso consciente, mostra-se imprescindível.
Daí afirmarmos, com toda autoridade, que a chuva (ou sua falta) não é a única responsável pela crise
hídrica que estamos enfrentando. As poucas ações desenvolvidas estão sempre relacionadas com obras
de infraestrutura e saneamento. Coisas como a vontade política; a demanda crescente pelo uso da água;
a degradação ambiental dos mananciais; a expansão urbana desordenada; o desperdício no próprio
sistema(que chega aos 30% da água já tratada) e a falta de um real envolvimento e conhecimento da
população acerca da realidade existente na área demonstram que não se trata somente de um problema
de falta de chuvas, mas de um conjunto de fatores que tem que ser enfrentados, analisados e sanados.
Na verdade, desde pequenos, quando entramos na escola, aprendemos que o Brasil é um país de grande
potencial hídrico, onde jamais faltará água. Mas que o alimento vai faltar, pois enquanto ele cresce em
progressão aritmética, a população cresce em progressão geométrica...Que engano! Não vamos negar a
fome no mundo, em especial na África. Mas a falta de água bate à nossa porta, derrubando o ensino
centenário sobre nossa grandeza hídrica. Na verdade temos muitos rios e mananciais. Mas não soubemos
ensinar a população a respeitá-los e preservá-los. E aqui a conta não sobra só para a população, não!
Quantos municípios despejam seus esgotos direto nos rios? São incontáveis...Até em São Paulo vemos
descartadouros jogando esgoto não tratado nos Rios Pinheiros e Tietê! Chegamos então à triste
conclusão de que a crise hídrica está muito além da simples falta de chuvas.
Há apenas alguns meses da COP21 (que será realizada neste fim de ano em Paris e tem em
sua agenda o estabelecimento de um acordo global sobre mudanças climáticas), tratamos com a
escassez de um produto que sempre propalamos inesgotável. Nos orgulhávamos de ter o maior rio do
mundo em volume de água-o Amazonas. Mas isso de nada adianta para as regiões que estão sofrendo
com a crise hídrica. Até implantação de rodízio de 5 dias sem água e 2 com água já foi aventada. Diante
da gravidade da situação, a Frente Parlamentar Ambientalista, ainda que tardiamente, resolveu promover
no último dia 4, um debate, dos quais participaram expoentes da área ambiental tais como Antonio
Herman de Vasconcellos e Benjamin, Ministro do Superior Tribunal de Justiça; Fabio Feldmann, primeiro
secretário-executivo do Fórum Paulista de Mudanças Climáticas Globais e Biodiversidade; Carlos Nobre,
climatologista, Secretário de Políticas e Programas de Pesquisa e Desenvolvimento do Ministério da
Ciência, Tecnologia e Inovação que integra o Painel de Alto Nível Para Sustentabilidade Global da ONU
Organização das Nações Unidas e Malu Ribeiro, coordenadora da Rede das Águas da Fundação SOS
Mata Atlântica. Ótimos nomes.
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