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Efeitos dos agrotóxicos sobre as abelhas silvestres no Brasil
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6.3 Formulações e ingredientes ativos
Na Bahia, quarto maior produtor de tomate
no Brasil (DEL SARTO, 2009), a formulação a ser
monitorada é considerada uma das mais perigo-
sas para as abelhas, o pó molhável (PM). Devido
ao tamanho das partículas, que facilmente aquies-
cem aos pelos ramificados presentes no corpo
dos insetos, há aumento do contato do indivíduo
e da colmeia com o produto químico (JOHASEN;
MAYER, 1990). O ingrediente ativo escolhido foi
a Clotianidina, que faz parte do grupo químico
dos neonicotinoides (AGROFIT, 2010), substância
neurotóxica, cujo modo de ação é via competição
do ingrediente ativo com a Acetilcolina pelos re-
ceptores que medeiam o impulso nervoso. Esse
ingrediente ativo pode afetar a percepção gusta-
tiva, o aprendizado olfatório e a atividade motora
das abelhas (HASSANI, 2005), prejudicando a ca-
pacidade de forrageio das operárias, além de ser
apontado como um dos suspeitos de provocar a
Desordem do Colapso da Colônia nos Estados Uni-
dos (VOLLMER, 2008).
No Paraná, quinto maior produtor de tomates
do País, a formulação a ser monitorada é o con-
centrado emulsionável (CE), uma das formulações
mais utilizadas para o combate às pragas do to-
mateiro (SEAB, 2011). O CE é aplicado com pulve-
rizadores, constituídos de bomba de pressão e de
bico (EMBRAPA, 2005), onde as soluções líquidas
do ingrediente ativo são dissolvidas em solventes
da destilação do petróleo. O ingrediente ativo se-
lecionado foi a Permetrina, que faz parte do grupo
químico do piretroides (AGROFIT, 2010), que tam-
bém tem ação neurotóxica, alterando a modulação
dos canais de sódio e a polaridade da membrana
celular. Abelhas expostas à Permetrina podem per-
der a capacidade de orientação e não retornar à co-
lônia (COX; WILSON, 1984), mesmo assim, ainda não
existem evidências que associem esse ingrediente
ativo à Desordem do Colapso da Colônia (STOKSTAD,
2007).
6.3.1 Primeira etapa – acomodação das caixas de
abelhas
Serão utilizadas 24 colmeias em bom estado
de saúde, acomodadas em caixas padronizadas,
adquiridas entre os meliponicultores locais, a fim
de evitar o seu transporte por longas distâncias. As
colmeias devem ser protegidas do Sol, com telhas
de barro, ou copa de árvores, pois os raios solares
podem enfraquecê-las, diminuindo a área de cria, di-
ficultando a coleta de mel e pólen, ou até ocasionar
a morte da colônia, comprometendo os resultados
finais.
A padronização das colônias utilizadas é im-
portante para evitar que mais uma variável possa in-
terferir nos resultados. Os principais modelos de cai-
xas racionais para a criação de meliponíneos são o
baiano ou o nordestino (Figura 33), o do PNN (Figura
34) e o do Inpa (Figura 35).
Figura 33
. Vista superior da
colmeia modelo baiano,
horizontal, com área
menor destinada à cria,
parcialmente separada por
uma tábua de outra área
maior, onde estão os potes
de alimento (NOGUEIRA
NETO, 1997).
Desenho: France Martin Pedreira.
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