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Efeitos dos agrotóxicos sobre as abelhas silvestres no Brasil
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Figura 29
. Gráfico adaptado da
superfície de propagação de substâncias
poluentes no meio ambiente.
A área esvedeada caracteriza os setores
do ambiente visitados pela abelha.
Fonte: Porrini et al. (2003), com
modificações.
Ao forragearem em áreas agrícolas, as ope-
rárias podem ser contaminadas pelo contato direto
com as partículas suspensas de inseticidas utiliza-
dos nas plantações de maneira errada, sem seguir
os protocolos estabelecidos pelo fabricante (PINHEI-
RO; FREITAS, 2010) ou sem observar as recomenda-
ções dos órgãos federais responsáveis pelo registro
dos agrotóxicos no Brasil.
Há também grande probabilidade de contami-
nação tanto do pólen quanto do néctar, por meio da
deposição dos resíduos nas flores. Estudos mostra-
ram que vários praguicidas são absorvidos pelos lipí-
dios dos grãos de pólen, dessa forma, ao coletar es-
ses alimentos, a abelha pode se intoxicar. Como essa
toxicidade pode ser mantida por tempo prolongado
no alimento, torna real a possibilidade de ser introdu-
zida na colônia pelas abelhas forrageiras (CHAUZAT
et al., 2006) e, por essa via, afetar as larvas durante o
processo de alimentação pelas operárias nutridoras.
Outra forma de contaminação do néctar e do pólen é
por meio do uso de inseticidas com ação sistêmica,
que é absorvido pelo tecido vegetal, incluindo o que
compõe o grão de pólen.
A presença de resíduos de pesticidas é usu-
almente determinada por métodos físicos, quími-
cos e biológicos. Teoricamente, qualquer organismo
susceptível à ação da toxina pesquisada pode ser
empregado nos bioensaios. Devido à grande mo-
bilidade de
A. mellifera
, evidenciada pelos voos de
grande alcance, que podem chegar a uma distância
de até 2.850 m, à sua estreita relação com a flora e
ao fato de o corpo do inseto ser coberto por pelos
que coletam várias partículas presentes no ambiente
(CHAUZAT et al., 2006), essa espécie pode ser utili-
zada para a detecção de resíduos de pesticidas em
plantas (MANSOUR, 1987) e de metais pesados no
ambiente (PORRINI et al., 2002).
Durante o voo, esses insetos registram valio-
sas informações sobre o meio ambiente em que cir-
culam. Numerosas partículas de produtos químicos e
substâncias tóxicas suspensas no ar ficam aderidas
aos pelos superficiais de seu corpo, retidas em seu
sistema respiratório ou armazenadas em sua vesícu-
la melífera e no pólen coletado (WOLFF; DOS REIS;
SANTOS, 2008).
A análise do mel produzido, do pólen coletado
ou da geleia real em uma colmeia permitem a inves-
tigação dos contaminantes do ambiente. Outra ferra-
menta que pode ser utilizada nessa averiguação é o
corpo da própria abelha, principalmente quando ela
é encontrada morta.
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