S.W. TIVELLI et al.
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Boletim técnico, 210, IAC, 2011
de chuva não prevista. Na prática, os produtores que fazem uso desta técnica
deixam as sementes em água corrente de um dia para o outro.
A cultura da beterraba pode ser implantada pela semeadura direta no
local de cultivo ou pelo transplante de mudas formadas em sementeira e/ou em
bandejas. Apesar de o transplante de mudas prolongar o ciclo da cultura, tal
prática eleva a produtividade e a qualidade do produto final, além de reduzir o
consumo de sementes. O uso de bandejas tem sido eficiente sob vários
aspectos, como economia de substrato e de espaço nos viveiros, menor gasto
com produtos fitossanitários e obtenção de mudas de alta qualidade e elevado
índice de pegamento após o transplante. A propagação da cultura através de
mudas formadas em bandejas de 288 células tem ganhado um espaço cada
vez maior no Brasil, em especial nos cultivos em períodos de alta precipitação
pluvial.
Produtores dos municípios de Piedade e São José do Rio Pardo no
Estado de São Paulo vêm utilizando a produção de mudas em bandejas nos
meses de dezembro a março, devido às altas precipitações pluviais. Nesse
sistema, usa-se de 1 a 2 kg ha
-1
de sementes comerciais de beterraba, o que
permite o uso de sementes híbridas de beterraba, as quais têm custo elevado
para o produtor.
A operação de transplante de mudas para o campo é bastante onerosa,
por envolver gasto acentuado de mão de obra. No entanto, produtores de
beterraba que formam lotes quinzenais acima de cinco hectares da cultura e
que já experimentaram os dois sistemas de propagação (semeadura direta e
transplante de mudas) relatam que a economia obtida com a semente, o custo
da irrigação e controle das plantas daninhas paga o valor da muda adquirida
de viveirista. Além disto, a mão de obra requerida para o transplante da muda
equivale à requerida para o desbaste das mudas no sistema de semeadura
direta.
Em que pese essas constatações práticas, a implantação da cultura
predominante no Brasil para grandes áreas de cultivo é a de semeadura direta.
O uso desta tecnologia exige desbaste de plantas, sendo consumido até 12 kg
ha
-1
de sementes comerciais por ocasião da semeadura. Nesse sistema, deve-
se atentar para alguns fatores que podem ocasionar falhas no “stand” de
plantas e comprometer a produção, como o mau preparo do terreno ou dos
canteiros, problemas na operação de semeio (máquinas antigas, mal reguladas
ou alta velocidade do trator durante o semeio), ataques de doenças (causadas
por
Rhizoctonia solani
e
Phytium
spp.), pragas (vaquinhas), chuvas excessivas
e altas temperaturas na fase inicial de cultivo.
A profundidade de semeadura ideal deve ser em torno de 1 a 2 cm,
tanto em semeadura direta quanto em sementeira ou bandeja, e a semeadura
muito profunda retarda ou inibe a emergência das plântulas, promovendo
redução no estande.