Nesta época o Brasil era dividido em
capitanias. Da capitania de São
Vicente, onde se estabeleceram os pri-
meiros engenhos, a cana-de-açúcar se
irradiou sem demora por todo o litoral
brasileiro. Três anos após a fixação dos
primeiros engenhos já havia alguns
outros funcionando em Pernambuco,
onde iriam assumir extraordinária im-
portância. Também deu início a produ-
ção de açúcar na Bahia, cujos primei-
ros engenhos foram destruídos pelos
índios. Na ilha de Itamaracá (PE), em
1565, a produção já era crescente, e
na década seguinte foram instalados
os primeiros engenhos em Alagoas.
Neste ambiente de grande expansão
dos engenhos e da cultura da cana-
de-açúcar é que surge a cachaça.
Todos os historiadores são unânimes
quanto ao fato da cachaça ter sido des-
tilada, pela primeira vez, em algum
engenho do litoral brasileiro, mas há
controvérsias quanto à data de sua
criação e onde ela foi produzida. Al-
guns defendem que a cachaça tenha
sido destilada, intencionalmente, pela pri-
meira vez, na Capitania de Itamaracá,
no atual litoral pernambucano.
No entanto, a fundação da Vila de
São Vicente em 1532 e o estabeleci-
mento dos primeiros engenhos de açú-
car, indicam este local como o berço
da cachaça em terras brasileiras.
Após as instalações de engenhos de
forma sólida, os mesmos passam a
produzir incessantemente o açúcar,
com a força dos escravos (primeira-
mente os índios e depois os africanos),
bois e cavalos. O provável foi que es-
tes povos, por acaso ou não, percebe-
ram que os subprodutos da produção
de açúcar, chamados pelos escravos
de “cachaza” ou “cagaça” e pelos Por-
tugueses de vinho da terra ou vinho da
cana, não servia para a produção de
açúcar. No início, este caldo era utili-
zado como alimento deixado nos
cochos para o consumo dos animais e
após algum tempo fermentava produ-
zindo um líquido com cheiro diferente
(aroma frutado).
Os escravos logo perceberam que o
aroma agradável se associava a um
sabor etílico e um efeito embriagador
e passaram a consumi-lo em substitui-
ção ao cauim. O cauim era um vinho
produzido pelos índios, no qual as ín-
dias mastigavam o milho ou a mandio-
ca após cozidos e depois cuspiam em
um pote de barro, onde ocorria a fer-
mentação.
A destilação do vinho da cana ou vi-
nho da terra, em alambiques trazidos
da Europa, resultou em um líquido
transparente, brilhante e ardente se
ingerido. Considerando que se parecia
com água, recebeu a denominação de
aguardente. Outro nome que lhe foi atri-
buído é cachaça. Não se sabe se os
alambiques foram trazidos inicialmen-
te para produzir a bagaceira, destilado
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Casa do Produtor Rural